Sobre o Supermercado Mundial na Gávea

Prezados moradores,

Tendo em vista esclarecer as recentes indagações sobre o supermercado Mundial na Gávea, a diretoria da Amagávea escreveu o texto abaixo. Por favor, compartilhem o texto com outros moradores e ajudem a fomentar esse debate, fundamental para o bairro.

Sobre o supermercado Mundial na Gávea

Recentemente muito se tem comentado sobre a falta de opção de bons supermercados no bairro. Temos apenas o Zona Sul no início da Rua Marquês de São Vicente e o Econômico no Alto Gávea. Para um bairro com uma população de 20.000 habitantes é pouco. Sobre os serviços e preços, opiniões diversas. A maioria de forma negativa sobre o primeiro. Alguns moradores questionam a Amagávea por ela se posicionar contra a possibilidade do supermercado Mundial abrir uma filial na Gávea, em um imóvel de sua propriedade localizado na Rua Marquês de São Vicente, 104. O que não é verdade. Para esclarecimento, o que impede a vinda do Mundial não é nenhuma ação da Amagávea neste sentido e sim o Decreto 6.881/87 que regulamenta as atividades comerciais permitidas entre a Praça Santos Dumont e a Rua Embaixador Carlos Taylor. O decreto autoriza apenas estabelecimentos de pequeno e médio porte, como farmácia, padaria, sapataria, bar, restaurante, entre outros. Supermercado não é permitido pela legislação atual. Apenas como informação, o supermercado Zona Sul tem alvará obtido antes do decreto de 1987 e por isso tem permissão para seu funcionamento, já que a lei não pode ser retroativa. Além disso, o uso pretendido para o terreno não é compatível com o zoneamento da área. Desta forma, a única maneira do supermercado Mundial se instalar no local é alterando a legislação vigente através da Câmara de Vereadores ou um decreto especial do prefeito.

Em 2004 a Amagávea realizou uma audiência pública, no antigo Colégio Rio de Janeiro, para apresentar o projeto do supermercado Mundial e ouvir a opinião dos moradores sobre o assunto. Cerca de 200 pessoas estiveram presentes e, por votação, 75% se posicionou contra a vinda do supermercado. Entretanto, era de amplo conhecimento que o número de moradores a favor do novo supermercado era bem maior, cerca de 60% da população, número levantado por meio de pesquisa de opinião contratada pela empresa. Entretanto estes moradores, favoráveis a vinda do supermercado não compareceram na audiência e no final ficou valendo a opinião dos presentes. Assim sendo, a Amagávea se posicionou com a maioria e sempre a favor das normas vigentes.

Um pouco da história

O imóvel adquirido em 2003 pelo Mundial já abrigou o laboratório Moura Brasil e foi vendido pela antiga proprietária, Dow Chemical, para a rede de supermercados após a revogação de um decreto de desapropriação para que a PUC construísse ali um centro de pesquisa tecnológica. No entanto, o motivo da revogação pela prefeitura decorreu da falsificação de uma declaração de desistência da PUC do projeto. Constatada a fraude, a prefeitura renovou a intenção de desapropriar a área e a questão foi parar na Justiça, pois ela pretendia indenizar o terreno com um valor muito abaixo do valor usado por ela mesmo como referência para cálculo do ITBI. Contudo, como a prefeitura nunca pagou pela desapropriação, na prática, não houve desapropriação. Além disso, a PUC, quando teve oportunidade, não conseguiu viabilizar a construção do polo de pesquisa.

Em 2014 a Câmara de Vereadores aprovou o projeto de lei (PL) 725/14 que torna o terreno área de utilidade pública para fins de desapropriação, cria o Parque Municipal Sustentável da Gávea e o que transforma o espaço em non aedificandi. Entretanto, para viabilizar a criação do parque a Prefeitura precisa indenizar o Mundial, e já foi dito que isso não é considerado prioridade pela atual administração. A título de informação, o terreno tem 10 mil metros quadrados e preço de mercado avaliado em R$ 80 milhões.

Lembro que a Gávea tem três áreas públicas que precisam urgentemente de manutenção e novos investimentos: Praça Santos Dumont, Praça Sibélius e Parque da Cidade.

Um outro supermercado no bairro, sem dúvida, ajudará a reduzir preços e melhorar os serviços, motivado pela concorrência. Por outro lado, serão mais veículos circulando na Rua Marquês de São Vicente, já saturada.

Espero que essas informações ajudem na formação de opinião. Troquem ideias com os seus vizinhos e tragam o tema para a Associação. E, ao promover o debate, levem em conta não somente seus próprios interesses, mas também os interesses e os argumentos do seu interlocutor. Analisem os fatos, tracem um quadro da situação e elaborem as possíveis saídas, alternativas ou respostas para as perguntas colocadas. Participem mais da Amagávea. A passividade é impertinente. Precisamos pensar seriamente na motivação para melhorar a qualidade de vida do bairro. Isto significa que os moradores e a Associação devem cuidar mais de suas próprias ações e atitudes, com aquilo que acontece no bairro e buscar soluções viáveis para os problemas existentes e evitar que novos surjam no já caótico dia a dia.

Atenciosamente,

Diretoria da Amagávea