Nota sobre o 1º Concerto de Música Clássica no Monte Líbano

É com imensa satisfação que registramos o grande acontecimento que foi a abertura no sábado à tarde da Série Música Clássica no Monte Líbano, uma nova parceria da AMAGÁVEA com o Clube Monte Líbano. Uma plateia entusiasmada que tomou por completo o Auditório do Clube teve a oportunidade de receber um presente antecipado de Natal. O Duo Barrenechea formado por Lúcia Barrenechea, piano, e Sérgio Barrenechea, flauta transversa, é reconhecido nacionalmente como o mais destacado duo para essa formação, seja pela sua técnica apurada e entendimento de seus integrantes, seja pelo repertório de alta qualidade e pelas gravações realizadas nas quais objetiva a divulgação da música brasileira, não só de nossos compositores históricos, como de contemporâneos que têm dedicado ao Duo obras enriquecedoras para essa formação.

Por essas razões, tem brilhado nas inúmeras turnês e aparições em festivais internacionais. E não foi diferente no concerto que apresentou um programa¹ cuidadosamente preparado para levar ao nosso público uma série de peças – marcadas por dois dos atributos que mais lhe encantam: melodia e ritmo – de compositores consagrados como Mignone, Villa-Lobos, Osvaldo Lacerda e Nazareth, e contemporâneos de talento reconhecido como Egberto Gismonti e Arthur Verocai, a par de mostrar um talento como Rafael dos Santos, ainda desconhecido do grande público. E uma revelação para a plateia foi o solo de Lúcia para O Amor Brazileiro, capricho para pianoforte sobre um lundu brasileiro do austríaco Sigismund von Neukomm, aluno preferido de Haydn, que viveu no Brasil entre 1816 e 1821 na corte de João VI. Uma ovação que reconheceu uma interpretação com a graça e o virtuosismo na exata medida pedida por essa singular composição. A Cantilena da Bachianas Brasileiras Nº 5 foi momento de pura magia, com um arranjo em que a flauta de Sérgio mostrou a pureza, fluidez e alcance de seu som, evocando a voz do soprano em passagens de dificílima execução (sem sacrifício da beleza da peça original a que estamos acostumados) e levando a plateia a uma explosão de aplausos.

O espaço mostrou-se totalmente adequado para a música de câmara que constituirá a Série, com palco destacado e plateia com cadeiras em filas em suave desnível, formando um ambiente envolvente e com uma acústica plenamente satisfatória.

Queremos agradecer não só a generosidade de Lúcia e Sérgio de se apresentaram pro-bono, como à direção do Clube, representada pelo seu Vice-Presidente Cultural, Antonio Hamid Hamdar, e de seus funcionários que tudo fizeram para a realização de um evento que transcorreu de forma impecável.

Estamos assim preparados para receber Nicolas de Souza Barros e Alberto Pacheco para um recital de violão e voz no próximo dia 16, sábado, às 4 da tarde.

¹ 1. Francisco Mignone (1897-1986): 1.1 Três Peças: I. No Fundo do Meu Quintal, 1945; II. Lenda Sertaneja nº 8, 1940; III. Cucumbizinho, 1930. 1.2 Céo do Rio Claro, 1923; 1.2 Passarinho está cantando, 1952. 2. Sigsimund von Neukomm (1778-1858), Capricho para Pianoforte: O Amor Brazileiro, 1819. 3. Heitor Villa-Lobos (1887-1959), Bachianas Brasileiras nº 5: Ária/ Cantilena (1938/45). 4. Osvaldo Lacerda (1927-2011), Toccatina, 1974. 5. Arthur Verocai (1945), Vilalobiana*, 2015. 6. Egberto Gismonti (1947), Lôro, 1981. 7. Rafael dos Santos (1954), Tardes Goianas*, 2003. 8. Ernesto Nazareth (1863-1934), Odeon, 1910. Bis: Arthur Verocai (1945), Pacata, 2007. * obras dedicadas ao Duo Barrenechea